Recentemente (Dezembro de 2008) Melo, Azevedo & Henriques num artigo publicado na Acta Pediátrica Portuguesa referiam que a saúde oral no nosso país foi votada a total abandono, uma vez que até 2006 não havia qualquer estratégia de saúde oral que englobasse toda a população, nem um departamento que pensasse no problema duma forma sistematizada e com objectivos claros. Mesmo o Plano Nacional de saúde 2004-2010 aborda o assunto de uma forma tímida, como se tratasse dum problema de menor dimensão. Em Portugal Continental, existem programas de promoção e prevenção de saúde oral nas escolas desde 1986, inseridos na Saúde Escolar, mas a sua dimensão é muito limitada, dado que se tem verificado uma escassez de acções de promoção e prevenção da saúde oral por parte das equipas de saúde escolar em grande parte do território. Apesar de, a partir de 1999, o Programa de Promoção de Saúde Oral em Crianças e Adolescentes (PPSOCA) contemplar uma vertente curativa, apenas abrangeu no máximo 50.000 crianças/ano, o que é escasso para um universo estimado em cerca de um milhão de crianças.
O actual Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral (PNPSO) para crianças e adolescentes, no qual o autor participou na sua concepção, teve o seu início em 2006 e carece de uma leitura especializada na sua vertente de acompanhamento e tratamento, para poder ser eficaz na sua essência. Como, até ao momento, essa leitura não foi efectuada (...), este programa encontra-se a funcionar com graves lacunas.
In Melo et al. (2008). Cárie dentária- a doença antes da cavidade. Acta Pediátrica Portuguesa.vol.39, 6,253-259