
Van Gogh,
Noite Estrelada, 1889
Já algumas vezes me solicitaram informação sobre a Educação e Promoção da Saúde na Educação Pré-Escolar. Normalmente remeto os interessados para estudos que se realizam nos diferentes graus de ensino, mas poucas vezes indico estudos sobre a Educação e Promoção da Saúde na Educação Pré-escolar. A razão prende-se com o facto de existirem, neste grau de ensino, poucos estudos nacionais e internacionais que olhem a Promoção e Educação para a Saúde numa perspectiva global. Contudo, encontra-se alguns estudos que abordam temáticas específicas da Educação e Promoção da Saúde tais como, a alimentação, a educação sexual, a higiene oral, etc.
Porém, a operacionalização das diferentes dimensões do conceito de Educação e Promoção da saúde passa pela aquisição de algum conhecimento sobre a saúde em geral, como e quem a deve promover, que factores condicionam e/ou facilitam essa mesma intervenção, que necessidades de saúde queremos satisfazer, etc.
A saúde esteve, durante bastante tempo, associada à prevenção e ao tratamento da doença. Daí que as intervenções que se realizaram nas escolas e jardins de infância sempre estivessem a cargo das equipas de Saúde Escolar. São estas equipas, através dos seus especialistas, que realizam os rastreios oftalmológicos, a saúde oral e a vacinação das crianças que frequentam a educação pré-escolar e o primeiro ciclo. E como essas intervenções são cada vez mais constantes nas nossas escolas deixo aqui, a título de curiosidade, um apontamento sobre a intervenção dos serviços de saúde nas escolas, num passado distante do qual, por razões óbvias, não podemos ter memória.
“Em assumptos de educação o insuccesso é da responsabilidade do educador: a creança tem de acceitar-se tal qual é e dar-se-lhe o maximo
de perfeição possivel; é um ser em trabalho de formação produzido por factores internos e externos, que importa determinar e pôr em movimento.
O exame do alumno mostrando o seu desenvolvimento e estado sanitario, as suas energias physicas e psychicas, permitte adaptar a sua cultura intellectual e moral à sua capacidade organica; elle é tanto mais necessario quanto a permanencia de muitas creanças reunidas na escola, numa immobilidade quasi absoluta e em posições por vezes viciosas, as expõe a doenças contagiosas e a deformações organicas mais ou menos permanentes.
(...) A presente «Caderneta Medico-Pedagogica», inspirada em principios de boa pedagogia, nas ideias expostas nos congressos de hygiene escolar e no exemplo da França, da Allemanha, da Belgica, da Inglaterra,etc., está organisada por fórma a poderem registar-se, num periodo de 7 annos, as observações adquiridas nos successivos exames medicos do alumno e as notas relativas ao seu progressivo desenvolvimento physico e pshychico.
A presente Caderneta Medico-Pedagogica permite que a familia, o medico e o educador exerçam uma vigilancia cuidadosa a respeito da creança, fazendo convergir os seus esforços no sentido de lhe dar uma educação integral. Não tem ella a pretenção de ser um trabalho perfeito; mesmo modesta, porém, sendo usada na escola e na familia póde prestar grandes beneficios á creança, com simultanea utilidade para a raça e para a nação!”
Carvalho, M. (1911). Caderneta Medico-Pedagógica. In J. Moura Marques, Coimbra
Reflexão: O tempo passa, algumas coisas evoluem, outras perduram ... noite estrelada é um quadro maravilhoso.